Em 1972, o economista e ganhador do Prêmio Nobel, Robert Lucas, escreveu um artigo sobre a “teoria das expectativas racionais”, que nada mais era do que um estudo sobre o comportamento das pessoas na hora de tomar decisões. Para ele, as pessoas agem de acordo com as informações disponíveis, fazendo previsões mais ou menos precisas e então tomam uma decisão.
No outro extremo, outro economista e também ganhador do Prêmio Nobel, Robert Shiller, dizia o contrário. Para ele os mercados (e investidores) são propensos a modismos e modas, e muitas vezes são irracionais na hora de tomar uma decisão indo de acordo com a “manada”.
E porque estamos falando dessas duas teorias?
Porque especialistas têm procurado entender como o comprador ou investidor tem reagido às informações que possui hoje do mercado imobiliário. Será que as pessoas analisam todas as informações disponíveis com eficiência para tomar uma decisão ou se deixam levar por títulos de matérias, opiniões em redes sociais e tomam decisões de modo irracional e de acordo com a “manada?”
O problema da falta de informação
Pegando o mercado americano como exemplo, no início dos anos 2000 eles tiveram um estouro da bolha imobiliária que atingiu o mundo todo. Quando analisamos o que aconteceu, parece que a falta de acesso a informação sobre o mercado imobiliário, levaram investidores e compradores a tomar decisões de modo equivocado e por isso a bolha estourou.
A quantidade de informação que as pessoas tinham sobre o mercado imobiliário naquela época era muito pequena quando comparada ao tanto de informações que temos hoje. Para você ter uma ideia, o maior portal de imóveis dos EUA, o Zillow, começou a divulgar o preço nos anúncios dos imóveis somente em 2005. As pessoas sequer podiam ter uma noção de precificação de uma região, então como poderiam tomar decisões de modo racional e inteligente?
Mercados ficam mais instáveis com informações online
Hoje é o oposto: temos acesso a inúmeras informações do mercado imobiliário, com endereço dos imóveis, preços sendo divulgados por toda a internet, características, fotos, tour virtual, análise do bairro e muitas outras informações.
Ainda assim, o alerta de possíveis novas bolhas imobiliárias estão surgindo nesse último ano em todo o mundo, principalmente nos EUA, e parece que mesmo com todo acesso às informações do mercado, as pessoas não têm tomado decisões do jeito mais racional.
Um exemplo são os preços dos imóveis que subiram extremamente rápidos entre o final de 2021 e 2022 nos EUA, muito mais do que em qualquer outra época. Mas em menos de um ano, agora no segundo semestre de 2022, os preços começaram a cair em uma velocidade vertiginosa. Há meses em que os preços dos imóveis caem cerca de 1% ou mais em 30 dias, e conforme mais notícias sobre esse fato sai na mídia e nas redes, mais os preços caem. E isso reflete até em outros países, causando apreensão no investidor, uma vez que os EUA entrando em recessão afeta todo o mundo.
Isso tem feito especialistas acreditarem que o acesso às informações imobiliárias online tornou o mercado imobiliário, e até mesmo outros mercados – como o mercado de ações – menos racional e até de certa forma instável. Como todos podem acompanhar notícias da economia global, opiniões em redes sociais de leigos e especialistas, previsões (às vezes muito pessimistas) de todas as situações, isso tem levado as pessoas a se desesperar e tomarem decisões de modo rápido e baseadas no medo.
É óbvio que o acesso à informação deve continuar, mas é necessário cada vez mais de curadoria e especialistas que possam fazer a interpretação correta dos dados para orientar melhor o investidor e o comprador.
Quer continuar atualizado sobre o mercado imobiliário? Então se inscreva na nossa Newsletter. Todas as terças e sextas, às 7:15, nós enviamos no seu e-mail as principais notícias do mercado Imobiliário. Vejo você lá!
Informações retiradas da Forbes