Hong Kong, um dos mercados imobiliários menos acessíveis do mundo, está enfrentando uma rara recessão, cuja extensão começa a ser percebida nos imóveis de luxo da cidade. O nicho chegou ao menor volume de vendas dos últimos nove anos e o menor preço dos últimos 15 meses. Imobiliárias da cidade chegam a colar cartazes avisando preços promocionais.
Para se ter uma ideia, a desaceleração imobiliária já chegou até mesmo no lado sul da ilha, onde o privilegiado e seleto Repulse Bay abriga alguns dos imóveis mais caros do globo. Lá, um apartamento de 174 metros quadrados pode ser arrendado por HK$ 12.160 (R$ 64.400,50) por mês, 17% a menos do que no ano passado.
Já nas proximidades do distrito comercial uma imobiliária exibe o anúncio de um apartamento por HK$30 milhões (R$20.337.000). E avisa que o desconto de HK$2 milhões (R$1.355.800) é uma “adequação à realidade”.
Desaceleração imobiliária atinge todos os setores
A desaceleração imobiliária de Hong Kong já abrange todos os setores: residencial, de escritórios e varejo, além dos mercados primário e secundário. E embora o centro financeiro seja a região que concentra a população com maior aquisitivo em termos de patrimônio líquido, também não foi poupado.
De acordo com as imobiliárias da região, os preços de vendas e aluguéis estão caindo, o mercado está vendo menos transações e o número de visualizações de casas diminuiu.
De acordo com o índice de preços da Knight Frank, os valores dos imóveis de luxo já são os menores dos últimos 15 meses. A empresa credita a crise ao êxodo de expatriados, fronteiras fechadas com o continente, aumento das taxas de juros e ao incerto ambiente macroeconômico global.
As propriedades mais baratas, na faixa entre HK$ 50 mil a HK$ 150 mil (R$30 mil a 90 mil) o m² são as mais atingidas.
Mercado de luxo teve pouco movimento em 2022
De um modo geral, 2022 não foi um ano muito propício ao mercado de luxo em Hong Kong. As taxas de juros subiram com o alinhamento ao Federal Reserve, que promoveu uma paridade cambial com o dólar.
O HSBC Holdings Plc elevou sua melhor taxa de empréstimo para 5,375%, de 5%, e a taxa interbancária flutuante também subiu. No entanto, os proprietários estão protegidos por um teto de preço e as taxas de juros ainda são baixas em comparação com o início dos anos 2000.
De acordo com os especialistas da região, mesmo os clientes que têm dinheiro em mãos e estariam prontos para comprar preferem esperar para ver o comportamento do mercado nos próximos meses.
Queda de preços abre oportunidades
A expectativa é que o mercado de luxo desacelere ainda mais, embora em um ritmo mais moderado do que nos últimos meses.
No entanto, a queda de preços do mercado imobiliário de luxo abre oportunidades. Alguns residentes locais aproveitaram os valores mais baixos para fazer um upgrade para um apartamento maior ou um bairro melhor.
Por outro lado, a verdade é que tanto incorporadores quanto proprietários de Hong Kong têm alto poder de retenção e podem se dar ao luxo de simplesmente retirar seus imóveis do mercado esperando a nova alta dos preços.
O V Group, por exemplo, não vendeu nenhuma de suas 64 unidades totalmente mobiliadas em seu projeto de apartamentos com serviços de alto luxo porque as ofertas não atenderam às expectativas. A empresa já avisou que não pretende baixar os preços.
A expectativa é que o mercado volte a acelerar quando o continente relaxar as restrições da Covid. De acordo com os especialistas, há uma demanda reprimida, especialmente de afluentes do continente que normalmente comprariam propriedades em Hong Kong.
Cingapura e Dubai atraem investimentos
Fora de Hong Kong, os preços em algumas grandes cidades estão atraindo compradores estrangeiros. E há um movimento crescente de clientes em potencial que estão se mudando para cidades como Cingapura e Dubai.
Os americanos, por exemplo, estão aproveitando a libra fraca para comprar casas luxuosas em Londres. E em Cingapura, compradores ricos da China continental estão elevando os preços em meio a um verdadeiro boom na cidade-estado.
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Informações retiradas do Bloomberg.