Seja qual for, o resultado da eleição para a Presidência da República não deve afetar a retomada do crescimento do mercado imobiliário em 2023. Com fundamentos sólidos, a expectativa é que lá para o meio do ano que vem, o financiamento imobiliário tenha custo mais baixo do que o atual.
A análise é de Rogério Santos, um dos fundadores da UBlink. Segundo ele, em 2023 a demanda por moradias continuará elevada e a Selic deve voltar a cair. Isso, apesar dos economistas ouvidos pelo Boletim Focus estimarem a taxa de juros em apenas um dígito apenas em 2024.
Ambiente pós eleições deve ser mais previsível
O ambiente mais previsível depois das eleições deve dar mais segurança à população para comprar imóveis. E reverter o cenário atual onde a locação é o segmento mais forte.
Por outro lado, desde setembro o Copom tem mantido a Selic estável a 13,75%. E, ao que tudo indica, o ciclo de alta deve estar encerrado. A estimativa dos economistas é que a taxa básica de juros feche 2023 em 11,25%, reduzindo o custo do crédito habitacional no bolso do consumidor já a partir de meados do ano que vem.
Também em setembro o IBGE registrou deflação pelo terceiro mês consecutivo, com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) caindo 0,29%. E, apesar de o índice acumular alta de 7,17% em 12 meses, essa foi a maior queda registrada em um mês desde o início da série histórica, em 1994.
Outros dois bons indicadores, que se refletem indiretamente no mercado imobiliários foram a abertura de 278.639 vagas formais de emprego e o aumento da previsão de crescimento para a economia brasileira, neste ano, de 1,7% para 2,8% feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Essa melhora do cenário macroeconômico brasileiro indica uma situação mais previsível para o país. E reforça os alicerces do mercado imobiliário para 2023.
Mercado desacelera, mas não desanima
Mesmo assim, o mercado imobiliário está passando por uma desaceleração. O Secovi-SP registrou uma queda de 9,2% nos lançamentos em agosto na capital paulista. E as vendas de unidades residenciais novas caíram 15,1% na comparação anual.
Mas mesmo com as incertezas políticas e econômicas que se refletiram em mais cautela no terceiro trimestre, a retração ainda foi menor do que a esperada. Um levantamento da UBlink mostra que os lançamentos tiveram uma queda de 10,4% na comparação dos últimos 12 meses.
Em conjunto, Cury, Cyrela, Direcional, Even, EZTec, Gafisa, Helbor, Melnick, Mitre, Moura Dubeux, MRV&Co, RNI Negócios Imobiliários, Tegra e Tenda lançaram R$8,26 bilhões.
Mas o mercado está preparado para uma possível desaceleração ainda mais acentuada que acabe aumentando os níveis de estoque. Algumas incorporadoras pretendem, sim, colocar o pé no freio, mas outras pretendem ter lançamentos, no quarto trimestre, pelo menos em linha com os do período de julho a setembro.
Afinal, esse é um ano atípico, por conta também de alguns eventos fora do calendário tradicional, como a Copa do Mundo em novembro. No entanto, nada disso chega a arranhar o ânimo do mercado imobiliário em relação ao potencial de retomada do seu crescimento em 2023.
Fonte: Money Times