O fim próximo do papel dos corretores como intermediadores nos processos de compra, venda e locação foi definitivamente afastado pelos especialistas da área na Summit 2022.
O evento, parceria do Secovi-SP com o Estadão, contou com alguns dos mais importantes nomes da área. E praticamente todos destacaram dois aspectos fundamentais no cenário atual: a necessidade de os corretores assumirem um papel cada vez mais consultivo e o uso da tecnologia para embasar dados mais precisos.
Por isso, quem ainda acha que a tecnologia pode afastar os corretores das negociações não pode estar mais distante da realidade. Com mais disponibilidade de informações, o consumidor está mais exigente.
Justamente por isso, os sites precisam ser muito bem planejados, com dados e imagens completos. Assim, o corretor será acionado apenas na hora certa. E é então que deve entrar a expertise do profissional, usando a tecnologia para ter dados precisos sobre informações estratégicas:
“Profissionais que ficam no stand de vendas apenas para informar preço e o tamanho dos imóveis vão ter mais dificuldade de conquistar o cliente. Se a pessoa tem filhos, será importante saber sobre as escolas da região. Caso o cliente goste de praticar a corrida, um parque próximo também pode fazer a diferença”, afirmou Cyro Naufel, diretor Institucional da Lopes.
Análise de dados é fundamental para imobiliárias e corretores
Além disso, a análise de dados precisa ser utilizada para gerar empatia e calor no relacionamento com os clientes através de informações embasadas. “As imobiliárias precisam funcionar como curadoras e criar a cultura de analisar os dados”, disse Ricardo Paixão Barbosa, CEO e fundador da Iconatus.
Para ele, os dados devem ser usados para agregar valor, porque a figura do corretor de imóveis vai continuar a ser essencial. Pelo menos até a próxima geração. “No longo prazo, ninguém sabe o que vai ocorrer”, afirmou.
Para ele, a informação ajuda a deixar o mercado imobiliário “mais líquido e punjante”. Ele explica que o encontro da tecnologia com a experiência humana alavanca toda a cadeia imobiliária. O que, aliás, já acontece nos mercados mais maduros, como o americano.
“Em média, a venda de um imóvel lá é de 60 e poucos dias ante 400 e poucos dias aqui. A questão é crescer mais o bolo para todo mundo ganhar mais” disse.
Marketplace veio para ficar
Outro assunto de destaque no evento foram os marketplaces, considerados uma tendência consolidada.
Pesquisa da Capterra mostra que os classificados online se tornaram o ponto de partida para consumidores que buscam um novo imóvel. Destes, 37% fazem buscas em marketplaces imobiliários. Já as agências imobiliárias online, com 21%, ocupam a segunda posição entre os canais mais utilizados pelos consumidores.
Para os especialistas, os marketplaces devem ganhar cada vez mais robustez e clareza para melhorar a experiência do consumidor.
“O sistema tem de ter qualidade para ajudar o corretor, mas também oferecer aos clientes a possibilidade de resolver questões relacionadas ao financiamento bancário e à arquitetura e decoração do imóvel novo”, disse Naufel
Para Rogério Santos, um dos fundadores da Ublink, o grande desafio é a relação entre escala e qualidade do serviço.
“Temos muitas empresas entre as startups que buscam escalas gigantescas, mas se esquecem que do outro lado existem pessoas. A nossa responsabilidade no mercado imobiliário tem um componente extra porque um imóvel é onde se ‘embala’ a família”, afirmou.
Fonte: Estadão