A diferença de preço entre imóveis usados e novos de alto padrão pode superar os 70% em áreas nobres de São Paulo capital. Esse é o resultado de um estudo interno de mercado feito pela imobiliária Esquema Imóveis. A análise considerou unidades semelhantes com preços a partir de R$2 milhões.
Índices mostram o aumento do custo de lançamentos
De acordo com os analistas, o principal motivo para a disparidade de preços é o custo da obra. De acordo com o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinap – IBGE), em 2021 o custo do metro quadrado da construção civil aumentou 19,1% no Sudeste. Mas em São Paulo, especificamente, ficou em 15,53% nos últimos 12 meses, acima do IPCA (11,89%).
Já o Índice Nacional de Custo da Construção-Mercado (INCC-M – FGV) registrou 8,8% de alta de janeiro a agosto de 2022. O indicador mostra a variação de preço de matéria-prima, serviços, equipamentos e mão de obra. E, no caso do nicho de alto padrão, os aumentos são potencializados por causa da qualidade superior dos produtos.
Disparidade aquece o mercado de imóveis usados
Com isso, a disparidade dos reajustes no preço de unidades semelhantes está aquecendo o mercado de imóveis usados. Para se ter uma ideia, o valor médio de apartamentos na planta chegou a aumentar 34% em Vila Nova Conceição. Já os imóveis usados, no mesmo padrão, tiveram reajuste de apenas 3,5%.
No Itaim não é muito diferente. Em maio último, a média do metro quadrado de um imóvel na planta custava R$37 mil contra R$21,5 mil dos imóveis usados. Uma diferença de 71%. Mas no Jardim Paulista ela é ainda maior, 78%: R$30 mil contra R$16,8 mil, respectivamente.
Para os analistas, no entanto, a expectativa é que a disparidade de preços diminua com a redução da inflação.
Vantagens dos imóveis usados
Por outro lado, várias vantagens são associadas aos imóveis usados que, associadas à diferença de preço, também ajudam a aquecer ainda mais o mercado.
A disponibilidade imediata de uso e a redução dos riscos inerentes aos imóveis na planta, como embargos, atrasos e falências, são os principais. E há ainda a urgência na venda de muitos proprietários, que acabam oferecendo descontos vantajosos.
De acordo com o Creci-SP, a venda de imóveis usados em junho cresceu 8,92% em relação a maio. E a maior parte dos negócios foi relacionada à venda de apartamentos (61,1%) na capital (25,6%).
Rio de Janeiro vive fenômeno parecido
Mas não é só São Paulo que registra o aquecimento do comércio de imóveis usados. No Rio de Janeiro também registra fenômeno parecido. Embora a diferença seja menor do que em São Paulo, também é significativa.
Na Zona Oeste, por exemplo, imóveis vizinhos, com as mesmas características – vista para a praia e campo de golfe olímpico – têm ofertas diferentes de preço. Enquanto em um o metro quadrado está sendo negociado a R$18 mil (na planta), no outro, já entregue, está a R$13 mil.
Na Zona Sul da cidade a diferença tem um agravante nos imóveis usados: a necessidade de reformas de atualização dos projetos arquitetônicos já bem mais antigos.
Lá, grandes apartamentos em ruas famosas como a Vieira Souto, em Ipanema, ou Delfim Moreira, no Leblon, ambas de frente para a praia, podem sair pela metade do preço de um lançamento.
Mas mesmo com os custos da obra são considerados uma excelente oportunidade, já que as próprias características dos apartamentos – muito amplos e com pé direito alto – valorizam o investimento.
Fonte: Valor Econômico