A demanda por financiamentos imobiliários continua aquecida, mas os bancos têm olhado com mais cautela a situação da economia brasileira e global, e não descartam a possibilidade de subir as taxas de financiamento para a faixa dos dois dígitos – algo que não acontece desde o fim de 2017, de acordo com dados do Banco Central.
Os motivos citados pelos bancos para uma possível elevação na taxa para empréstimos, são as incertezas sobre o desempenho do PIB depois das eleições, a inflação elevada e a possibilidade de novos aumentos na taxa básica de juro (Selic).
A taxa média atual para financiamento de um imóvel é de 9,8%, bem próximo da casa dos dois dígitos, o que fez o presidente da Abecip, José Rocha Neto, minimizar o risco da situação: “Pode ser que um ou outro banco passe dos dois dígitos, mas vai chegar a 10% ou 10,5%, nada muito mais que isso”. Ele lembrou que o setor já conviveu com juros de dois dígitos antes e que nem por isso, as vendas e os financiamentos deixaram de acontecer. “Oxalá não veremos a necessidade de ir a dois dígitos. Mas não será um grande problema se isso acontecer”, afirmou Neto.
Tendência deste ano ainda é de crescimento para o crédito imobiliário
Rocha Neto destacou que este será o segundo melhor ano da história para o crédito imobiliário, passando, pela segunda vez, da marca de 1 milhão de unidades financiadas. Para ele, uma alta pontual não é suficiente para derrubar o setor. “Se cabe no bolso do consumidor e a mensalidade compensa na comparação com o aluguel, o mercado vai continuar funcionando”.
O que cada banco diz e quais ações vem tomando?
Itaú
O Itaú Unibanco subiu a taxa de 9,1% para 9,5% ao ano mais TR recentemente. No entanto, o diretor de crédito imobiliário e consórcio, Thales Ferreira da Silva, disse que não tem novas perspectivas de mudanças na taxa para os próximos dias “nem para cima, nem para baixo no curtíssimo prazo”.
Bradesco
O Bradesco mexeu na taxa de crédito imobiliário pela última vez em setembro do ano passado. Na ocasião, subiu de 9% para 9,5% ao ano + TR. Diferente do Itaú, o diretor de crédito imobiliário do Bradesco, Romero de Albuquerque, deixou a porta aberta para que os juros do crédito imobiliário supere os 10%. “Vai virar dois dígitos? Pode até acontecer”.
Santander
Indo na contramão dos concorrentes, o Santander baixou sua taxa de juros em março, de 9,99% para 9,49% ao ano + TR, para tornar-se mais competitivo. O diretor de crédito imobiliário, Sandro Gamba, foi na mesma linha do Itaú e disse que a posição do banco é de seguir monitorando o comportamento do mercado, sem previsão de alta ou baixa. “As taxas de juros ainda estão muito voláteis”, afirmou.
Caixa Econômica
Já a Caixa, que tem hoje trabalha com taxa de 8,85% ao ano + TR, afirmou recentemente através do diretor executivo de Habitação, Rodrigo Wermelinger, que não havia previsão para redução ou aumento nas taxas de juros. O banco oferece hoje a menor taxa do mercado.
Fonte: Estadão