O programa Casa Verde e Amarela, criado no governo de Jair Bolsonaro, entrou em debate devido a chegada das eleições. Como ficará se o atual presidente não for reeleito?
Lula, o candidato com maior intenção de votos segundo as últimas pesquisas, afirmou que se for eleito, vai relançar o programa Minha Casa Minha Vida, mas não deu detalhes de quais seriam as mudanças realizadas no programa. De acordo com membros da campanha de Lula, a intenção é focar e dar mais incentivo para a classe com menor faixa de renda.
Mediante esse cenário, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins afirmou que independente de quem for eleito é preciso “injetar mais dinheiro na habitação”. Mas advertiu que é importante não cometer os mesmos erros do passado, já que anteriormente as obras precisaram ser paradas por falta de recursos.
No ano passado, o orçamento do Casa Verde e Amarela foi de cerca de R$1 bilhão, um valor bem abaixo se for comparado com os 21 bilhões do Minha Casa Minha Vida em 2015, mas que não se sustentou e caiu para menos da metade em 2016. De acordo com Martins, é preciso moderar o investimento, ou seja, é necessário ter algo no meio termo para que não seja pouco dinheiro, nem uma medida irresponsável. “Tem algum número aqui no meio que traz sustentabilidade ao longo do tempo, para que as empresas possam se planejar e investir em inovação tecnológica”, diz.
Martins afirma que a faixa 1 do Minha Casa Minha Vida foi “traumática” para o setor construtivo, mas que ela é necessária, porque há um contingente de brasileiros que não consegue pagar parcelas de financiamento imobiliário e precisa de mais subsídios.
Somente após as eleições o setor imobiliário saberá qual será o nome atribuído ao programa em 2023. No entanto, o mercado imobiliário está tranquilo pois não há riscos para o fim do programa, já que os benefícios sociais e de geração de emprego são muito grandes.
O atual governo de Jair Bolsonaro, recentemente anunciou mudanças na curva de subsídios e no aumento da renda máxima permitida no Casa Verde e Amarela, além da medida que permite utilizar os 8% de contribuição do salário ao FGTS, para pagar parcelas do financiamento. Todas essas medidas têm como intuito ajudar a aumentar o acesso ao programa habitacional, que teve sua participação no total de lançamentos imobiliários reduzida de 48% em junho de 2021 para 36% no mesmo mês deste ano, segundo dados da CBIC. Nas vendas, o percentual das unidades do Casa Verde e Amarela caiu de 49% para 44% no mesmo período.
De acordo com projeções da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), cerca de R$244 bilhões serão utilizados nas modalidades de financiamento, queda de 4% se comparada ao ano anterior, mas ainda assim o segundo melhor ano da história para o crédito imobiliário no Brasil. A expectativa é que ainda esse ano, os financiamentos imobiliários com recursos do FGTS, como os do programa habitacional aumentem 31%.
Fonte: Valor Econômico