A contração do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, pelo segundo trimestre seguido, evidenciam o cenário de desaceleração da economia mundial. Cada vez mais economistas veem como iminente a chegada de uma recessão não só na maior economia do mundo, mas também em países europeus, além de riscos de retração inclusive em países como o Brasil.
Entretanto, de acordo com os gestores da Kinea (asset do Itaú), não há muito o que os bancos centrais possam fazer para evitar uma retração da atividade econômica nos próximos meses. Em uma carta enviada aos investidores referente ao mês passado, a gestora destacou como os principais problemas: a desaceleração da atividade global o fato que as autoridades monetárias não possuem espaço para diminuir os impactos desse processo de recessão.
Recessão industrial e a crise global
Dados levantados pela Reuters, revelam que os índices regionais da indústria dos Estados Unidos e as expectativas de novas encomendas para os próximos 6 meses já estão em níveis próximos aos vistos na crise do subprime, que se iniciou em 2008.
Logo, a Kinea acredita que o mundo já está em um período de recessão industrial, além disso, a expectativa é que os problemas nas industrias se estendam para toda economia. Os principais fatores que justificam a crise são:
- Guerra da Rússia na Ucrânia: O conflito acarretou sérios problemas para o mercado de energia em nível global, principalmente para o continente europeu que em sua maioria depende do gás natural dos russos.
- Cenário Macroeconômico dos EUA: A maior potência mundial está a caminho de uma crise econômica, fatores como a pressão inflacionária persistente e o aumento das taxas de juros, contribuem diretamente para a possível recessão.
- Crise imobiliária na China: A segunda maior economia do mundo enfrenta um grave problema com liquidez de incorporadoras e pagamento de hipotecas, que impactam não somente a China, mas todo o mundo.
Ainda assim, nem os mais pessimistas veem, porém, o risco de uma recessão tão aguda como a registrada em 2020 ou um colapso como o ocorrido durante a crise financeira global de 2008 e 2009.
“Dessa vez eu acho que vai ser uma recessão que pode ser curta. É uma questão mais cíclica mesmo. Acho que serão dois, três trimestres de desaceleração mais expressiva e de queda do consumo. Mirando meados do ano que vem, o trabalho pode estar feito e o Fed pode começar a pensar em cortar juros” avalia Caio Megale, economista-chefe da XP.
Ainda que o movimento de contração econômica não se dissemine por todas as regiões do globo, vale destacar que somente o bloco dos países do G7 (EUA, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido) respondem por quase 50% do PIB global. E, num mundo globalizado, um abalo nas maiores economias significa um freio na atividade econômica em todos os continentes.
Quais sãos os possíveis impactos para o Brasil?
Caso haja uma recessão global, o Brasil também sofrerá as consequências, principalmente no setor das exportações, pois caso o mundo diminua o consumo, produtos como petróleo, minério de ferros e grãos serão menos comercializados.
Além disso, uma recessão global, tem potencial de interromper a recuperação da economia brasileira. Um dos reflexos negativos é o desemprego, que apesar de ter desacelerado nos últimos meses, aproximadamente 10 milhões de brasileiros estão em busca de trabalho.
Apesar dos impactos negativos, curiosamente, uma recessão global pode trazer benefícios para o cenário macroeconômico do país. Já que uma grande parcela das pressões inflacionárias é mundial, um desaquecimento da economia, tende a desacelerar o preço dos produtos básicos e consequentemente, pode ajudar a frear a inflação que hoje está em dois dígitos.
Segundo a última pesquisa Focus, do Banco Central, a projeção atual do mercado para a economia brasileira é de um crescimento de 1,97% em 2022 e de 0,40% em 2023.
Fontes: Mais retorno e G1