A partir de dados tabulados pelo Loft Dados, foi apontado uma queda no valor dos imóveis de 5,5%. A análise foi baseada nas 176 mil vendas registradas entre janeiro e maio deste ano.
Em números corrigidos pela inflação, os novos proprietários pagaram em média R$4.598 por metro quadrado nos cinco primeiros meses de 2022, ante R$4.865 no mesmo período do ano passado. Em relação a 2020 a redução foi de 6,4% (R$4.915).
Baseado nas vendas efetuadas até maio, em comparação com o ano anterior em 80 dos 92 distritos analisados o valor real dos apartamentos neste ano foi menor nas cinco zonas da capital paulista.
Em 2020 durante a pandemia do Covid-19, o preço do metro quadrado estava mais caro em 60 das 93 áreas administrativas com negócios registrados nos mesmos meses.
Bairros que tiveram maiores reduções
- Jaraguá: o preço médio caiu de R$3.314 para 2.811;
- Capão Redondo, Cachoeirinha, Mandaqui e Arthur Alvim, sofreram variações entre -12,9% e -11,6%.
A desaceleração chegou até mesmo as regiões mais valorizadas da cidade
- Em Moema a redução foi de R$7.889 para R$7.539 por metro quadrado, representando -4,4%;
- Consolação e Vila Mariana foi de -3,6% e -2,9% respectivamente
- Enquanto no Jardim Paulista e Pinheiros, a queda foi de -2,6% e -2,3% respectivamente.
Para os especialistas, a partir da análise dos dados, é possível perceber um esfriamento após o boom imobiliário observado na pandemia.
“A gente percebe essa queda, uma tendência a uma demanda um pouco mais reduzida. Esse desaquecimento faz com o que os preços diminuam para tentar acomodar o mercado”, afirma Rodger Campos, gerente de dados da Loft.
“Os preços caíram por conta da incerteza inerente à crise. Mas logo houve uma recuperação super acelerada, muito associada à proteção do ativo, com a busca por um ativo de baixa volatilidade. E também à busca por novos tipos de moradia no contexto da pandemia”, lembra.
A demanda naquele momento havia sido impulsionada pela baixa inflação e pela mínima histórica da taxa básica de juros. A Selic chegou a 2% entre agosto de 2020 e março de 2021.
De acordo com dados da prefeitura de São Paulo, houve um o boom no setor entre o segundo semestre de 2019 e o primeiro de 2020, marcado pela chegada da Covid. O total de apartamentos vendidos havia caído de 24,4 mil para 17,1 mil. A partir de então, as vendas saltaram para uma média de 31,2 mil unidades nos três semestres seguintes.
Crise acentuou desigualdades
Os bairros com mais unidades vendidas entre julho de 2020 e dezembro de 2021, são aqueles com o preço do metro quadrado mais caro, como o Itaim Bibi, Vila Mariana, Moema e Jardim Paulista;
“A crise tem a característica de acentuar desigualdades. Quem mais aproveitou esse boom, quem estava bem posicionado para aproveitar a taxa de juros, foram as pessoas de mais alta renda, na faixa de dez salários mínimos para mais”, diz o economista Pedro Tenório, do DataZAP+, baseando-se em dados do Banco Central referentes ao Saldo da Carteira de Crédito.
Já em relação a variação dos preços, de acordo com Tenório, a mudança foi somente na composição da oferta, e não de fato na desvalorização dos apartamentos.
Com o repique da inflação e o aumento da Selic, atualmente em 13,25%, os especialistas preveem para 2022 um resultado mais próximo ao da pré-pandemia.
“Vemos o efeito da inflação corroendo o poder de compra e uma desaceleração na demanda, com quedas dos preços reais, por todo esse contexto de conjuntura macroeconômica”, diz Campos, da Loft.
Em todos os dados coletados foram considerados os apartamentos vendidos no município de São Paulo registrados entre janeiro de 2019 e maio deste ano, catalogados pela prefeitura.
Além disso, foram selecionadas somente as operações com transferência total da propriedade. Os valores foram atualizados pela inflação até maio, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Fonte: Folha de São Paulo